
SOBRE METAMORFOSE CELULAR
Metamorfose Celular nasce de uma aproximação íntima ao mundo microscópico, onde a vida surge como um conjunto de estruturas tão organizadas quanto vulneráveis. No vidro, Adosa encontra a materialização dessa condição: uma matéria transparente que, tal como as células vivas, reúne força interior e fragilidade extrema.
Para criar esta obra, a artista realiza um estudo microscópico rigoroso, observando diferentes tipos de células para compreender os seus comportamentos e ritmos de mutação. Sob a lente revela-se uma arquitetura delicada, composta por padrões cristalinos que persistem apesar da sua vulnerabilidade. É nesse encontro entre ciência e poesia que o vidro se aproxima de uma dinâmica viva, transformando-se num organismo silencioso que respira luz e possibilidade.
A metamorfose do vidro evoca processos biológicos de recomposição, regeneração e adaptação. Tal como as células se reorganizam para sustentar a vida, estas superfícies transparentes sugerem um organismo em movimento, onde instabilidade e renascimento coexistem. O vidro torna-se corpo, tecido e membrana: uma metáfora de tudo o que subsiste porque se transforma.
Assim, Metamorfose Celular reflete a condição humana: feita de limites frágeis, mas também de uma capacidade contínua de recomposição. A luz que atravessa o vidro acentua esta dualidade — o que pode ceder e o que persiste — revelando que a fragilidade não é fim, mas início de uma metamorfose sempre em curso.
