SOBRE ETÉREA EM LÚMEN

Etérea em Lúmen nasce da observação do instante em que a matéria se torna luz. No gesto do vidro derretido — ainda líquido, ainda sopro — a artista captura a delicadeza de algo que parece emergir do ar para se fixar, por um breve momento, no  mundo visível. Cada peça guarda essa transição: o que era fluxo torna-se forma, o que era brilho torna-se corpo.

O vidro, atravessado por tons vermelhos, azuis e dourados, retém a transparência luminosa. É como se a claridade se condensasse, e o que é etéreo encontrasse abrigo dentro da matéria. As peças refletem e refratam a luz, devolvendo ao olhar um conjunto de ecos — brilhos que respiram, movimentos suspensos no tempo.

Ao contemplar Etérea em Lúmen, somos conduzidos a um espaço de silêncio e leveza. As superfícies, translúcidas e vibráteis, evocam a cadência da chuva, o deslizar da água, o ciclo das estações que renova e dissolve. O vidro carrega em si o vestígio do fogo, do ar, do sopro humano que o molda: a memória da fusão que antecede a forma.

Esta coleção é, assim, uma meditação sobre a luz e a fluidez. Uma tentativa de conter o instante no seu estado mais puro — aquele em que tudo ainda é possível, em que a matéria ainda respira. Etérea em Lúmen revela o equilíbrio entre fragilidade e luminosidade, entre o que se desintegra e o que permanece. Cada peça é um eco daquilo que é leve, transparente e vivo.