
SÉRIE EIXO FRÁGIL DA EXISTÊNCIA
Em Eixo Frágil da Existência, Adosa transforma a coluna vertebral — símbolo máximo de suporte e estrutura — numa forma que desafia a lógica do corpo: um esqueleto feito de vidro. Não é uma coluna comum; é um organismo impossível, vulnerável e luminoso, que torna visível a fragilidade que atravessa a existência humana, a vida e a própria condição do planeta.
As vértebras, reconstruídas em transparência, oscilam entre ordem e colapso. Parecem flutuar, como se carregassem o peso simbólico de um mundo exausto, e ao mesmo tempo revelassem a delicadeza das células e dos padrões microscópicos que inspiram o processo criativo de Adosa. Cada fragmento cristalizado contém a tensão entre resistência e rutura, vida e erosão.
O vidro — matéria forte apenas até ao instante em que se quebra — torna-se, nas mãos da artista, uma metáfora da humanidade: seres que dependem de estruturas frágeis para se manterem de pé, enquanto participam na destruição daquilo que os sustenta. A transparência expõe o que no corpo permanece oculto: as fissuras internas, a instabilidade vital, a beleza iminente da queda.
Assim, Eixo Frágil da Existência propõe um olhar sobre o mundo como corpo vulnerável. Uma coluna que não poderia sustentar um ser vivo, mas que sustém uma verdade: tudo o que vive, vive no limite. A obra de Adosa ergue-se como um aviso e uma celebração — da fragilidade, da metamorfose e da capacidade de renascer a partir dos próprios estilhaços.
